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sexta-feira, 5 de abril de 2019

... quiséssemos

Se mil cavalos brancos saíram em debandada contra nós que tentávamos, pacificamente e discordantes, adentrar o mar-corpo da grande praia que me levava a ti, mil toneladas enfrentei contra meu peito brando para estar hoje aqui. Despontei todos os metros de virulência que és enquanto tudo o que sou são meras incertezas, inseguranças d'um dia outro dia em que era só eu, nada menos ainda, nem presa. E finda, mesmo dentro do que desejo que se inicie, mintas, inclusive se mentir não te parecer são, tão são as verdades também. Não sou nem seria só mais um na vida de alguém, eu choro, dramatizo, sou ímpar. Nunca comum. Eis o tempo de dizer te amo com adeus e, assim, me despeço, desesperado, de mim mesmo, sabendo que, se vais, impreterivelmente levas meu ser completo junto, meu mais eu depletado, secreto pesar repleto de amar nesse mais seco e vazio mundo. Agora o que sinto já não cabe mais no peito, e, se o teu tão pouco comporta cumplicidade, busco enfim minha melhor realidade: meu desejo simplesmente não tem mais jeito. Se ontem estivera encantado cegamente, hoje, cego, encantado e devastado, sonho que voltes aos sonhos apenas na mente. Gostaria de dizer que somos um, mas não somos. Fomos. Seríamos. Deveríamos ser...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Tudo isso meu

Ali, bem ali, bem tu, querido, ali. Sim, e assim, via-te todos os dias meu: logo ali. Sempre ali, querido Ari. Neurose pulso verdade, desamaurose susto mentira, desnecrose custo liberdade, menino vida, eu caipira. Suspira. Repara, sabendo que isso é aquilo. Aniquilo e admiro nossos dias, semanas e meses, afinal, quem diria: hoje escrevo-te, enfim, meu perdido único, um desescurecedor de almas, alimento da felicidade minha, eu dono de um querer profundo que quiçá sabia que tinha, nós donos portadores crônicos e estigmatizados dos nossos traumas. Já te tenho amor. Para comigo. Ouve o pretérito de tua música tocando minha pele quand'outro'inda tocava meus ouvidos. Sentimentos quando então eram só desejos reprimidos. Fluídos erros que tentava evitar, mas tu já parte de sonhos seguidos. De pele a ouvido ouvi na casca vibrar a gravidade de tua música em mim e, assim, ouvia teu meu tocar meu rosto, queimando aquele triste coração, naqueles dias ainda adjunto, tão só quanto tuas mãos, cheias, sem mim mudas. Mudas e surdas, mãos sujas, tristes. Mudo meus dias paradoxos com teus meus populando meus mundos, distintos e paralelos, mundos sem sentido, desculpas que vivia esculpindo, dias a fio, com dedos frios meus que tocavam nele ilusões. Já lá, tu podias ser tão meu mal, quando meu mau se afastava e vinhas tu tão meu bem, quanto eu teu desgusto. Continuamos. Arriscamos de longe, um perpétuo longe, o longe que consome e some com minha esperança todos os dias e volta todas as noites. Revolta em mim a revolta minha em voltar aquela ansiedade cruel, lacerante, ansiedade infiel. Relembra. Conhecemos juntos nossos remédios, formulamos juntos nossas saídas, buscamos juntos nossos contentamentos, retalhamo-os em nós juntos. Juntos e só juntos podemos isso. Isso é o que te sinto. Isso é sentimento. Tudo isso meu por ti, tu que estás ali, meu querido e issado Ari.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Exagium III: se tento por cento de quem se declara rimando

Água. Água teus pés que correm, correm teus pés que desaguam setenta por cento e bebo eu teus passos, meus únicos passos, teus guias de mim a ti quando passo eu a correr tuas águas. Uma brisa leve me traz de volta quando, na verdade, retorno, sim, e não adianto o amarelo-roça do sol nascente, feliz, pleno e mirim, menino curto de inocente infância, pedido furto que cresço(,) torto cercado de intolerância, perdido surto por invertida ganância, molhado surdo que sempre te vê elegância, alguém que só volta com medo de ir, mendigo vulto distância, vôlto a adorar e clamar quem se chora todo depois de esquecer que isso aqui acaba logo, logo torna fim quem sem meio começa e termina, sim, eu-ignorância! E finalmente digo, e digo finalmente porque, esperando, só te tenho amigo: te amo erudito, sentimento se cresce, transforma, transborda, já não ligo. Te amo, bendito, tua presença reforçando que ao amar não é preciso mais de nada antedito que eu ainda não tenha sentido. Olho pra gente e tenho certeza que de amigo a bandido só te faltava este meu texto lido. Então arrisco. Sim, este sou eu, alguém que rima e se declara rimando, cardiograFa biologicando-te em mim, vitima tua amizade quando se vê amando, deixa de lado quem está por cima e, ao teu lado, lado a lado caminhando, mãos querendo se entrelaçar amantes, almas distantes se aproximando, aprendi a te amar desconfiante de mim mesmo. Mas enfim ponho a esmo e repito pra Santos toda ressoar até Iguape que não há homem que se iguale ao que vejo em ti apaixonante. Enfim assino e selo esta carta de amor sem nome, endereçada a quem não posso amar esse amor que me consome.

[Ou posso?]

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Exagium II: o espelhar dos teus olhos

Buscava naquela manhã não apenas um mote, como se todos eles fossem epifanias, daquelas que se tem uma e, pronto, já se pode ir indo!; não, naquela manhã buscava apenas um mote, uma simples partícula de luz pra começar a fazer ver um olho virgem, um bebê bem quando abre pela primeira vez um e depois o outro olho e olha, inocente e apavorado, de relance, meus olhos fitando os teus, teu amor pela primeira vez. Buscava naquela toda semana um motivo, apenas ele, que, finalmente, pudesse me dizer: é a hora! e não disse, ainda espero. Abri eu meus olhos, cansados já, olhos de revelar aptidões, eles, os meus olhos, de encorajar almas, um olhar calmo que acalma, traz paz e voa pra longe tu que eu tanto queria aqui, ali naquela cama tu, meu que já é teu novamente, teus meus olhos te olhando apaixonados sob cristais maré. Acostumados, Vi enfim meu quarto escuro, um único filete adentrando inocente pela porta à esquerda, baixa, uma porta baixa de deixar filetes entrar pra me acordar um minuto antes da hora, mas um minuto depois de te ver ir. Quisera ter sonhado mais; apenas um leve inclinar da cabeça pra qualquer dos lados, um tonto desviar e me deixaria, eu, contigo por mais um minuto, em te ver partir, tu que és puro desejar, meu homem vertente. Levanto à direita e deparo-me com dois pares de sandálias, dois meus. O chão frio acordando o resto de mim, um dois três quatro cinco passos, o coração taquicardia leve e um receio me contamina quando sei que a única coisa a se fazer agora seria abrir a portinha e olhar por ela mais um dia que se vinha pra me garantir que o freio era muito mais que um tempo e olhar o sol cedo teria por fado me apalpar fund’um feroz anseio meu por ter novamente ar no peito cheio de palavras pra gritar e ser ouvido até aí que. Mais meio passo e encosto-me à portinha, bloqueando o feixe de fazer acordar, respirando-o triste nesse hiato do nosso tempo, calor. Volto uma porta. Esta abro clamando e entro. Vejo-me no espelho, capturado de cara, alma aqui ainda sendo real enquanto corpo se ia pra lá virtual, um mundo cego de só ver e morrer. O espelho era eu e eu era o espelhar dos teus olhos. Senti-me tornar pulsão, um recalque qualquer indo-se completar o cemitério do pudor, deixar de existir homem, materializar-me vontade, um ser rebaixado à aspiração de ressurgir, guardado e desfalcado no limbo do tempo e do espaço envoltantes, uma dimensão impossível. Te vejo entrar correndo no quarto, era de canto de olho à direita, eu que só sabia refletir, tu procurando-me, cá estou, grito enclausurado no vidro, tu procurando-me teu homem, voltara ao esquecer-me um beijo de bom dia vou estudar cedo hoje, não quis te acordar, mas o peito doeu do calor teu que não senti e voltei, mas cadê tu?. Olhas em minha direção: minhas roupas caídas voltadas pra mim, eu que sou espelhado, pega-as, ama-as em seu mais profundo envolvimento e desaparece. Meu coração de espelho então se definha letalmente, lentamente, toda a energia enfim se entregando ao desgosto do tempo, um amargo tão forte capaz de envelhecer a pele nova, enferrujando a tinta prata, nada mais preocupando, eu que não era amado. Escuto-te, então, mas já não importava mais qualquer esperança naquele jogo de vai e volta tu, que eras incerto. Vejo-te. Canetinha à mão, em mim escrevia saudades. Parou por um momento fitando-me a alma que era seu reflexo em mim, uma imagem apaixonada que eu trabalhava em construir divina, e partiu. As oito letras me enfeitando a carcaça. Naquele anseio só quis ser teu, pelo menos um pouco mais, até a escrita evanescer do meu peito. Podia eu, então, voltar a dormir: estava completo contigo, eu que sou ansioso.

segunda-feira, 25 de março de 2013

L.G.,

Pio silogismo, é sentimento e razão dentro de pote miscíveis. Alta pressão e frio combustíveis, mar platonismo. Ar simbolismo, praia qu'os liga, pudor qu'os castiga, fadiga d'ensino, queridos(,) menino e menino. Eu e você, dois homens que podem, se devem, implodem, s'impedem. Imperem! Piro conformismo ou sigo Carballido? Livro. Vivo giovannismo, minha verdade, vontade, real saudade, chá. Chita imperial, casarão colonial, já Brasilmirim anunciav'a ditadura do que sinto ontem, dez meses, que vezes dez senti, mesmo março ali. Pis'o pessimismo. Toca! Não há semente que não dê planta, alm'inocente que nã'alevanta quando há sua voz para soar. És'ficiente tu quando canta, paz consciente traz feito manta e m'acalma e faz amar. Quero dizer tanta coisa, mas o tempo é tão curto, a chance tão pouca, o coração tão duro. Te elegi, L.G., L.Gi te rimar pra você. O indivíduo é universo só quando abre o coração e deixa, fluindo, sentir. L.Gi você. L.G., te escolhi.
Sinceramente,
F.C.D.S.

domingo, 2 de setembro de 2012

Ótimo [tibi]

C'ocê faz?
Sofrê, paz
Torcê, gás
Morenas
Cumê? Traz!
Bebê mais
Vivê nas
Bucetas
Morrê, jaz