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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Tudo isso meu

Ali, bem ali, bem tu, querido, ali. Sim, e assim, via-te todos os dias meu: logo ali. Sempre ali, querido Ari. Neurose pulso verdade, desamaurose susto mentira, desnecrose custo liberdade, menino vida, eu caipira. Suspira. Repara, sabendo que isso é aquilo. Aniquilo e admiro nossos dias, semanas e meses, afinal, quem diria: hoje escrevo-te, enfim, meu perdido único, um desescurecedor de almas, alimento da felicidade minha, eu dono de um querer profundo que quiçá sabia que tinha, nós donos portadores crônicos e estigmatizados dos nossos traumas. Já te tenho amor. Para comigo. Ouve o pretérito de tua música tocando minha pele quand'outro'inda tocava meus ouvidos. Sentimentos quando então eram só desejos reprimidos. Fluídos erros que tentava evitar, mas tu já parte de sonhos seguidos. De pele a ouvido ouvi na casca vibrar a gravidade de tua música em mim e, assim, ouvia teu meu tocar meu rosto, queimando aquele triste coração, naqueles dias ainda adjunto, tão só quanto tuas mãos, cheias, sem mim mudas. Mudas e surdas, mãos sujas, tristes. Mudo meus dias paradoxos com teus meus populando meus mundos, distintos e paralelos, mundos sem sentido, desculpas que vivia esculpindo, dias a fio, com dedos frios meus que tocavam nele ilusões. Já lá, tu podias ser tão meu mal, quando meu mau se afastava e vinhas tu tão meu bem, quanto eu teu desgusto. Continuamos. Arriscamos de longe, um perpétuo longe, o longe que consome e some com minha esperança todos os dias e volta todas as noites. Revolta em mim a revolta minha em voltar aquela ansiedade cruel, lacerante, ansiedade infiel. Relembra. Conhecemos juntos nossos remédios, formulamos juntos nossas saídas, buscamos juntos nossos contentamentos, retalhamo-os em nós juntos. Juntos e só juntos podemos isso. Isso é o que te sinto. Isso é sentimento. Tudo isso meu por ti, tu que estás ali, meu querido e issado Ari.

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