De tudo, antes direi sobre carinho. O mais sincero choro é a reflexão da alma pura. Lagrimar é transparecer a carne e mostrar-se por sentimentos por alguém – creio eu que não algo!
Quantos são os abusos de querer nos quartos espalhados por um mundo surreal de minha alma? Gritos e desejos pela liberdade! E mais soluços de continue!, esta porra tá boa! Fode que eu gosto vindos da tua garganta inflamada e contagiosa. Eu fito o teto e viro os olhos quando em momento sadomasoquista de prazer antipromíscuo. Sou somente teu. Se tu quiseres eu paro, mas tu repetes fode que eu gosto! e olha-me como uma puta em seu primeiro orgasmo verdadeiro. É meu sonho de puberdade tardia e realização não completada do onanista que sou. É um sonho de nosso ato sexual planejado, com muita antecedência, pela comunicação impessoal. Fode que eu gosto!
Eu vejo vermelho! É o efeito da luz de cabaret – única fonte primária – que somente se reflete nos objetos vermelhos. Nossos sexos estão vermelhos do teu sangue da virgindade! Tudo parece-me sofrimento e sinto que teu corpo pede descanso. De mim, vejo o vermelho consistente de minha falta de virgindade branca. Mas o cheiro não é de ferro. Eu transpiro a ureia da hidratação e o calor que me sobra e deixa febril. Estamos molhados na piscina de águas negras e reflexos rubros da superfície herege. Completa-se o sexo do antiCristo que geramos com muito amor e ódio. Calado Cristo negado! Resultado do incesto infernal dos filhos de Deus. Chupa que eu gosto!
Já que estamos nas águas amnióticas, lavemo-nos com mãos ásperas de trabalhador braçal. Tu atritas teus dedos e lava-me do teu próprio fétido sangue coagulado, negra crosta adjacente ao teu heterossexualismo antes verdadeiro. Diz-se que, breve, tua vagina cuspirá o demônio de teu ventre materno, rompendo teu hímen que regenerou-se após o ato sexual. Pari-me do quarto e desafoga-me deste desespero ao imaginar-me pai do ânus do mundo. Frisa o instante em que olhei teus seios maternos murcharem para que nosso filho não mamasse e morresse. Tira tuas mãos de meu corpo e lambe! Lambe que eu gosto!
Gosto de bolinar teus lábios úmidos e vermelhos. Mas se a luz da fonte primária torna-se azul, vejo teus lábios como a necrose dos mortos e teus olhos são azuis e negros. Nosso público é de anjos excluídos do paraíso por gostarem do contato lábio-sexual. Não consigo desgostar do contato íntimo línguo-nasal de trocas de fluidos e ares contaminados. Meu coração palpita quando penso em ti! Beija que eu gosto!
Se meus carinhos são mais que palavras, não chores! Não admito que gastes teus sentimentos longe de mim. Se queres sofrer, abraça-me! Abraça que eu gosto!
Quando terei o privilégio de olhar-te e tocar-te? Foder-te, chupar-te, lamber-te, beijar-te e abraçar-te? Amar-te? Ama que eu gosto!
30-11-06 às 8:29
original de 03-10-06 às 10:48
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